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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Poema de Martim César sobre Dom Quixote


Pelos caminhos de Espanha

Quando agora te recolhes ao descanso que mereces
E os humildes te reclamam e as donzelas fazem preces
Toda a Espanha se pergunta, de Catalunha a Andaluzia...

Como andar nestes caminhos sem teu braço justiceiro,
Sem tua honra inquebrantável de fidalgo e de guerreiro,
Sem tua bravura que pôs freio à maldade e à tirania?

Memoráveis tempos que haverão de ter sempre renome
Aqueles... em que tão somente a pronúncia do teu nome
Afugentava os feiticeiros e assustava os malfeitores...

Dom Quixote de la Mancha, já imortal se fez tua lenda
Por isso o mundo vem pedir-te que regresses à tua senda
Dai-nos outra vez teu sonho, tua coragem, teus valores...

Breve análise da Obra

A obra de Miguel de Cervantes é feita em duas partes. Uma em 1605 e outra em 1615. A segunda parte, a qual estamos falando , surgiu pelo fato de uma edição falsa de Dom Quixote ter surgido. Esta edição perturba muito Cervantes, fazendo com que ele publique a verdadeira continuação e fazendo com que o personagem principal morresse para que ninguém pudesse continuar a história.
Em 2002, uma comissão de críticos literários de vários lugares do mundo, escolheu o livro “Dom Quixote de La Mancha” como melhor obra de ficção de todos os tempos.
Cervantes encontrava-se enfadado com o sucesso que o gênero literário dos romances de cavalaria havia tido junto do grande público, pelo que escreveu a sua obra e ao mesmo  tempo, em que narrava os feitos do cavaleiro da triste figura, realizou também uma das maiores sátiras aos preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis de pacotilha e aos heróis vigentes na época.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Biografia de Miguel Cervantes

Miguel de Cervantes nasceu a 9 de Outubro de 1547 em Alcal á de Henares. Seguiu a carreira das armas e de cobrador de impostos até morrer na miséria em 1616. Escreveu poesias, comédias, sátiras, as excelentes "Novelas Exemplares" - 1613 - e sobretudo o romance "Don Quijote de la Mancha" - 1605-1615 - que o colocou entre os mais célebres escritores de todos os tempos.

Não existem certezas sobre se Cervantes frequentou ou não a universidade sabe-se, contudo, que teve estudos literários, e que alguma coisa aprendeu de humanidades, com o presbítero João Lopes, de Hoyos.
Vai para itália aos 23 anos como escudeiro de D. Júlio Água Viva, um jovem teólogo letrado que gostava das suas poesias.Em sua companhia percorreu as cidades italianas mais importantes até chegar a Roma. O renascimento literário italiano influenciou o autor de D. Quixote e tornou-o a força mais irresistível da renascença.
O seu génio aventureiro levou-o a sair do palácio do erudito e foi como soldado raso numa expedição que o rei mandou a Chipre em auxílio da República de Veneza que o turco sultão Selim ameaçava. Desde esta data começa a sua odisseia de desventuras e feitos militares, mas Cervantes nunca passou de simples soldado. Em 1571 na célebre batalha de Lepanto perde a mão esquerda vendo-se coagido a abandonar o serviço militar e a dirigir-se à corte a pedir a remuneração dos seus feitos de soldado. A embarcação onde seguia foi aprisionada pelos marroquinos tendo ficado prisioneiro em Argel.
A sua família conseguiu trazê-lo de volta a Espanha em 1580.
Serviu nas campanhas de 1581 a 1583, na expedição que Filipe mandou aos Açores, contra o
Prior do Crato, que pretendia o trono de Portugal e envolve-se  com uma dama portuguesa, de quem teve uma filha natural, D.Isabel de Saavedra. Em 1584 desposou legitimamente D. Catarina de Palácios Salazar y Vosnediano, dama de linhagem fidalga.
Sem esperança de obter uma carreira militar pediu e obteve uma função civil. Foi nomeado comissário de fazenda em Sevilha.

Em 1585 publica a sua primeira obra, la Galatea, um romance pastoril. Em 1605 publica a primeira parte de o engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, sendo imediato o seu êxito literário. Os últimos anos da sua vida são caracterizados por uma intensa produção criativa: "Novelas Exemplares", "Viaje del Parnaso", a segunda parte de Dom Quixote, e um romance de aventuras em que trabalha até à morte — "La Historia de los Trabajos de Persiles y Sigismunda".

No estilo de Miguel de Cervantes, confluem todos os géneros novelescos até então cultivados: o picaresco, o pastoril, o mourisco e o cavalheiresco, sendo considerado o representante máximo das letras de língua castelhana.

Como poeta, a sua obra principal neste domínio encontra-se nos sonetos e, particularmente, em "Al T úmulo del Rey Felipe en Sevilla".

Como autor dramático, destaca-se pelo tom humorístico de pequenas peças como "El retablo de las Maravillas" ou "La Cueva de Salamanca". Deve referir-se também a sua tragédia "Comedia del Cerco de Numancia", que só é publicada em 1784, sendo hoje considerada uma das melhores tragédias escritas em castelhano.

A sua obra capital, porém, é o
D. Quixote, obra que dizem ter sido começada na cadeia de Toboso, onde foi encerrado, acusado de peculato e concussões à fazenda.  Em 1605  é  publicado e o seu êxito foi  colossal. A glória e a fama saudaram-no, esgotaram-se sucessivamente a fio, quatro edições. Isto porém não impediu que, passado o entusiasmo, Cervantes já sexagenário e doente, morresse em 1616 pobre e esquecido dos reis por quem dera o sangue.

Há uma grande semelhança de destinos entre
Camões, o épico lusitano, e Cervantes, a encarnação do génio espanhol. Efectivamente, há uma certa afinidade de sucessos entre eles: ambos foram dois génios que encarnaram a pátria, ao mesmo tempo guerreiros e literários, ambos sofreram calúnias e injustiças do seu tempo, ambos foram mutilados nas batalhas, ambos encarcerados, e ambos tendo que comer o pão salgado do exílio de que falou o Dante.

Foi tão infeliz como soldado, como mal aventurado nas letras, como desditoso funcionário de estado. Só foi verdadeiramente grande o seu génio reconhecido depois de morto e isso um século depois por Lord Carteret, que se encarregou de mandar publicar a vida e a critica à obra monumental de Cervantes, a pedido da Rainha Carolina, esposa JorgeII de Inglaterra.
É à predilecção literária e ao bom gosto de uma mulher culta que se deve toda a aclamação unânime dos povos chamados neo-latinos e dos setentrionais, em roda de um esqueleto esquecido. É possível que a crítica fizesse justiça mais tarde, é porém certo que foi o bom gosto literário de uma mulher que a apressou. Este facto deve ser registado como mais um documento da radiosa influência do elemento feminino na arte.

Resumo



O livro conta a história de um fidalgo espanhol que acreditava nas histórias dos grandes cavaleiros que foram heróis, por isso decide se tronar um cavaleiro andante em busca de aventuras e salvar vidas, portanto, improvisa um armadura enferrujada que fora de seu bisavô, confecciona uma viseira feita de papelão e se intitula Dom Quixote de La Mancha.
Após estar um dia inteiro caminhando sobre o sol, avista um estalagem, que em sua mente se transforma em um castelo.Lá ele pede para o senhor do estaleiro que o ordene um cavaleiro andante, pois nas histórias que lia sempre algum cavaleiro devia ordenar outro para se tornasse um. No outro dia, ao se encontrar com um grupo de comerciantes a quem via como adversários, arruma confusão e acaba caindo de seu cavalo Rocinante e levando uma surra dos comerciantes. Um conhecido da aldeia encontra o cavaleiro caído e o leva novamente para casa.
Seguindo aos conselhos do Padre Tomás e do barbeiro Nicolau, a ama e a sobrinha queimam os seus livros e lacram a porta da biblioteca para que ele não caísse na loucura novamente.
Enquanto todos acham que a estratégia da destruição dos livros havia sido um sucesso, Dom Quixote, pensando tratar-se de uma magia de algum cruel feiticeiro, resolve voltar à aventura, agora acompanhado do escudeiro Sancho Pança: um ingênuo e materialista lavrador, que aceita seguir o fidalgo pela promessa de uma ilha para governar.
As viagens continuam sob a alucinação de quem está vivendo no tempo da cavalaria. Em suas andanças, Dom Quixote encontra moinho de vento que confunde com gingantes. Arremete contra um dos moinhos, cujas pás, devido a um vento mais forte, lançam o cavaleiro para longe. O escudeiro socorre seu mestre. Dom Quixote não dando o braço a torcer, diz que o feiticeiro, ao notar que o cavaleiro estava vencendo, transformou os gigantes em moinhos.
Mas adiante confundindo dois rebanhos de carneiros com exército de inimigos, avança contra os animais e de novo é surrado, pelos pastores; além de ser pisoteado pelas ovelhas. No chão em meio ao estrume dos animais, ferido e desdentado, recebe a ajuda de seu companheiro.
No desejo de combater as injustiças do mundo e homenagear sua dama, o nobre e patético personagem segue viagem enfrentando situações supostamente perigosas e sempre ridículas: imagina gigantes em rodas-d`águas; vê um cavaleiro de elmo dourado em um barbeiro; ajuda criminosos a fugirem, pensando estar libertando escravos. De suas desventuras, restam-lhes sempre os enganos, as surras, as pedradas e as pauladas.
À beira da estrada, Dom Quixote e seu fiel escudeiro encontram abrigo e deparam com o Padre Tomás e o barbeiro Nicolau, amigos da aldeia onde moram e que estão à sua procura. Os dois convencem Sancho a ajudá-los e acabam levando, mais uma vez, e agora enjaulado, Dom Quixote para casa. Lá, cansado doente e abatido pelos reveses e pelas surras que levara, o fidalgo sossega. Até receber a visita do bacharel Sansão, que traz consigo um livro narrando As estranha aventuras de Dom Quixote. Com a fama, o cavaleiro tem seu espírito aventureiro revigorado e mais uma vez, convencendo Sancho Pança a companhá-lo, parte para a estrada, ainda guiado pelo amor de Dulcinéia, e pelo desejo de vencer o perverso feiticeiro e, com ele, as injustiças do mundo.
Continuando em suas aventuras, e com mais ferimentos, Dom Quixote e Sancho Pança encontram o cavaleiro da Lua Cheia (mas na verdade, Sansão, só que agora mais preparado e mais confiante para o duelo com Dom Quixote). Sansão desafiou o cavaleiro: quem perder o duelo não poderá continuar com sua vida de cavaleiro andante. Sansão vence o combate, e o fidalgo volta para sua casa. Finalmente, recuperando a razão, Dom Quixote de La Mancha renuncia aos romances de cavalaria e morre como um piedoso cristão.

Principais Personagens



Dom Quixote

Alonso Quixano, de uma pequena aldeia espanhola, Mancha, tinha mais ou menos 50 anos. Era um homem de costumes rigorosos, um fidalgo, mas vivia em decadência em relação à fortuna, obtida da exploração de suas propriedades, que mal podiam render-lhe para manter uma simples aparência de abastança.

Era magro, alto, de gestos imponentes e de uma certa altivez forçada. Alonso era mais conhecido por sua biblioteca enorme, onde era depositada toda moeda que recebia, tudo em livros sobres novelas de cavalaria andante, coisa do passado na época.

À força de tanto ler esses livros, e de tanto imaginar, foi se afastando da realidade e entrando nas aventuras de cavalaria andante, até romper o elo com a realidade.

Alonso Quixano (já fora de seu juízo), arrumou uma velha armadura enferrujada, um pangaré, que pensava ser um belo garanhão, dando-lhe o nome de Rocinante. Então se autonomeou Dom Quixote de la Mancha. E, para completar sua fantasia de cavaleiro, ele escolheu aquela que julgava uma donzela, para dedicar todos os seus atos.

Sancho Pança

Depois de muitas aventuras como cavaleiro andante, Dom Quixote de la Mancha consegue um fiel escudeiro. Seu nome é Sancho Pança, um gordo e ingênuo lavrador, vizinho de Dom Quixote. Ele era um homem de bem, honesto e trabalhador, mas com um “pequeno” cérebro.

Sancho Pança escutava as imaginações e promessas de Dom Quixote, que dizia a Sancho que se ele se dispusesse a segui-lo, poderia conquistar riquezas, poder e talvez chegasse a ser governador de uma ilha ou coisas superiores.

Depois de tantas promessas como essas, Sancho resolveu ser o fiel escudeiro de Dom Quixote até que um dia largaram tudo e vão viver as aventuras de cavalaria andante.

Sancho, com um jumento e com uma certa lucidez, entrava nas loucuras de Dom Quixote, sempre apanhando, mas nunca se esquecendo das futuras riquezas prometidas.

Dulcinéia de Toboso

Dom Quixote, que num passado distante havia em discreto silêncio tido uma paixão, resolve elevá-la à deusa de suas aventuranças. Dulcinéia de Toboso, como foi aclamada, era uma robusta e simples camponesa que vivia em Toboso, um povoado nos arredores de Mancha. Ela era sempre invocada por nosso cavaleiro antes de suas “batalhas”, e todas as suas vitórias eram dedicadas a ela.